terça-feira, 7 de agosto de 2007

Meu narcisismo exagerado


"é que Narciso acha feio o que não é espelho" ( Caetano Veloso )


Uma moça, muito inteligente, estudante de Psicologia, ao ler um texto meu escrito aqui, me falou que ficou impressionada como falo de mim neste blog. Bom, talvez eu não tenha lido o Manual de como usar Blogs, mas imagino que eles sirvam para, entre outras coisas, falarmos de nossas impressões, repressões ou depressões. Ou será que terei que falar sobre o peito de Galisteu? Bom, psicólogos e estudantes de Psicologia, salvem-me, pois vou me afogar no meu narcisimo...
E por falar em psicólogos, encontrei ao acaso um frase de Nietzsche lá no Crepúsculo dos ìdolos e que diz:
" O psicólogo precisa abstrair-se de si, a fim de que seja acima de tudo capaz de ver."
Gostei dessa. Adoro os piscólogos, especialmente meus amigos psicólogos, sobretudo os psicanalistas. Ao pensar neles, acho que já tenho salvação para meu narcisismo exagerado, e olha que só tenho espelhos no banheiro de casa.
Outra frase de Nietzsche, essa velha conhecida de tão citada por todo mundo. Ela diz:
"Sem música a vida seria um erro. O alemão imagina Deus cantando canções"
Concordo com o filósofo bigodudo, sem música seria um erro, a vida. Aliás, sem poesia também seria um grande erro, a vida.
Por causa disso, da vida, da música e, acima de tudo, da poesia, resolvi pôr um poema que acho de uma beleza imensa, principalmente por causa de sua lucidez quase triste. É de Elizabeth Bishop, uma poeta americana que morou no Brasil alguns anos. Chama-se Uma arte. Aos amigos próximos ele não é novidade, pois sempre mando este texto para eles.
Ei-lo:
Uma arte

Elizabeth Bishop

A arte de perder não tarda aprender;
tantas coisas parecem feitas com o molde da perda
que o perdê-las não traz desastre.

Perca algo a cada dia.
Aceita o susto de perder chaves,
e a hora passada embalde.
A arte de perder não tarda aprender.
Pratica perder mais rápido mil coisas mais:
lugares, nomes, onde pensaste de férias ir.
Nenhuma perda trará desastre.

Perdi o relógio de minha mãe.
A última,ou a penúltima, de minhas casas queridas foi-se.
Não tarda aprender, a arte de perder.
Perdi duas cidades, eram deliciosas.
E,pior, alguns reinos que tive, dois rios, um continente.
Sinto sua falta, nenhum desastre.

- Mesmo perder-te a ti (a voz que ria, um ente amado), mentir não posso.
É evidente:a arte de perder muito não tarda aprender,
embora a perda - escreva tudo! - lembre desastre.

Em breve vou postar mais poemas, não só dela, mas de outras tao grandes quanto e que talvez imaginassem Deus fazendo poesias.
Agora vou-me pois tenho que contar quantas vezes pus a palavra "eu" neste texto.

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