terça-feira, 8 de setembro de 2009

Do mistério




Bendito

Adélia Prado

Louvados sejas Deus meu Senhor,
porque o meu coração está cortado a lâmina,
mas sorrio no espelho ao que,
à revelia de tudo, se promete.
Porque sou desgraçado
como um homem tangido para a forca,
mas me lembro de uma noite na roça,
o luar nos legumes e um grilo,
minha sombra na parede.
Louvado sejas, porque eu quero pecar
contra o afinal sítio aprazível dos mortos,
violar as tumbas com o arranhão das unhas,
mas vejo Tua cabeça pendida
e escuto o galo cantar
três vezes em meu socorro.
Louvado sejas porque a vida é horrível,
porque mais é o tempo que eu passo recolhendo despojos,
– velho ao fim da guerra como uma cabra –
mas limpo os olhos e o muco do meu nariz,
por um canteiro de grama.
Louvados sejas porque eu quero morrer,
mas tenho medo e insisto em esperar o prometido.
Uma vez, quando eu era menino, abri a porta de noite,
a horta estava branca de luar
e acreditei sem nenhum sofrimento.
Louvado sejas!

segunda-feira, 7 de setembro de 2009

Do indizível





Explicação de Poesia Sem Ninguém Pedir

Adélia Prado

Um trem-de-ferro é uma coisa mecânica,
mas atravessa a noite, a madrugada, o dia,
atravessou minha vida,
virou só sentimento.

Do amor

Tenho lido Adélia Prado. Tenho ouvido Adélia Prado. Tenho, sobretudo, me emocionado com Adélia Prado.

Sem comentários, sem teoria. Só poesia:


Para o Zé

Adélia Prado

Eu te amo, homem, hoje como
toda vida quis e não sabia,
eu que já amava de extremoso amor
o peixe, a mala velha, o papel de seda e os riscos
de bordado, onde tem
o desenho cômico de um peixe — os
lábios carnudos como os de uma negra.
Divago, quando o que quero é só dizer
te amo. Teço as curvas, as mistas
e as quebradas, industriosa como abelha,
alegrinha como florinha amarela, desejando
as finuras, violoncelo, violino, menestrel
e fazendo o que sei, o ouvido no teu peito
pra escutar o que bate. Eu te amo, homem, amo
o teu coração, o que é, a carne de que é feito,
amo sua matéria, fauna e flora,
seu poder de perecer, as aparas de tuas unhas
perdidas nas casas que habitamos, os fios
de tua barba. Esmero. Pego tua mão, me afasto, viajo
pra ter saudade, me calo, falo em latim pra requintar meu gosto:
“Dize-me, ó amado da minha alma, onde apascentas
o teu gado, onde repousas ao meio-dia, para que eu não
ande vagueando atrás dos rebanhos de teus companheiros”.
Aprendo. Te aprendo, homem. O que a memória ama
fica eterno. Te amo com a memória, imperecível.
Te alinho junto das coisas que falam
uma coisa só: Deus é amor. Você me espicaça como
o desenho do peixe da guarnição de cozinha, você me guarnece,
tira de mim o ar desnudo, me faz bonita
de olhar-me, me dá uma tarefa, me emprega,
me dá um filho, comida, enche minhas mãos.
Eu te amo, homem, exatamente como amo o que
acontece quando escuto oboé. Meu coração vai desdobrando
os panos, se alargando aquecido, dando
a volta ao mundo, estalando os dedos pra pessoa e bicho.
Amo até a barata, quando descubro que assim te amo,
o que não queria dizer amo também, o piolho. Assim,
te amo do modo mais natural, vero-romântico,
homem meu, particular homem universal.
Tudo que não é mulher está em ti, maravilha.
Como grande senhora vou te amar, os alvos linhos,
a luz na cabeceira, o abajur de prata;
como criada ama, vou te amar, o delicioso amor:
com água tépida, toalha seca e sabonete cheiroso,
me abaixo e lavo teus pés, o dorso e a planta deles
eu beijo.

domingo, 7 de junho de 2009

dos acasos



Para Alice e Romero


Talvez já tenha acreditado em acasos ou acho que ainda acredito, não tenho certeza. Na verdade, não tenho pensado muito nisso, assim como não tenho pensado tanto em coisas, por assim dizer, tão sérias. Talvez vivê-las seja mais simples, mas também não sei se isso é uma certeza ou se é um chavão velho, gasto, feio e brega. Mas o acaso, ou seja lá que explicação se dê para isso, às vezes me prega peças. E eu adoro.

Há meses, ou seriam anos, entrei numa livraria e fui atendido por uma menina, delicada, sinceramente educada, e o que mais o particípio possa me dar. Seu nome me ficou gravado na memória. Há aproximadamente 8 meses reencontrei esta menina, o que não me deixou de ser uma surpresa, pois ela passou a ser minha aluna. De pronto disse seu nome e, se a memória não me cria uma cena de filme, falei sobre o livro que procurava quando fui atendido por ela naquele dia perdido no passado. O livro era Cem anos de solidão, de Garcia Márquez, que eu buscava para presentear um amigo.

Essa menina era feita de silêncios, e pessoas silenciosas para mim se tornam enigmas, me olham, me perscrutam, viram uma esfinge. Ela sentava no canto e eu sempre fui meio temeroso em lhe falar. Podia feri-la, atiçar seu instinto crítico ou me expor ao ridículo em alguma palavra simpática que lhe lançasse, afinal pessoas do silêncio são imprevisíveis em seu mistério.

Continuamos assim, simpáticos um ao outro,mas distantes, até que um dia vi um verso de Bishop que adoro, retirado de seu poema Uma arte ( já posto aqui ) e colocado no perfil do Orkut dela. Nisso, encontrei um fio e o puxei: era a poesia. Falei a ela de Orides Fontela, poeta de palavras curtas, ás vezes ásperas, e sempre profundas, e assim criamos um canal mediado pela palavra poética. Emprestei a ela a obra completa dessa poeta, ela me devolveu com um delicado origami de cisne, até hoje guardado na página onde ela deixou, porque não sou de destruir delicadas gentilezas. Ia lhe levar Celan, na falta de outros poetas metafísicos e tive uma surpresa: ela havia trancado o curso e se mudado, para longe.

Curiosamente, passamos a nos comunicar na virtualidade, esporadicamente, tratando de temas comuns a nossos gostos, tais como: música e poesia. Ou seja, se nos faltava algo para falarmos ou nos aproximarmos quando nos víamos quase todos os dias, talvez por uma timidez insuspeita ou os temores que falei acima, agora, a quilômetros distantes, trocamos as sensações e impressões que livros, poesias e canções nos causam, talvez numa forma de compensar o silencio de duas almas tímidas que se cruzavam tanto nos corredores da universidade.

Não sei se foi um acaso que fez nos encontrarmos, na loja, e, tempos depois, na universidade, mas desse (re)encontro surgiu algo que é sutil,leve, especial e que não tem um nome definido. Não sei quantos irmãos ela tem, nem quais planos ela traça para seu futuro. O que sei é que, comigo, muitas de minhas boas amizades só surgem no contrafluxo de um encontro, tal como esse, iniciado num dia distante de uma livraria qualquer no meio de uma cidade sabe Deus onde fica.

Foi assim também com um rapaz o qual vejo pouco, quase não tenho falado, mas que surgiu assim, quase ao acaso, e que passou por todos os percalços que alguém pode passar ao se aproximar de alguém tantas vezes duro como eu. Um dia, quando nos falamos pessoalmente, teve a sutileza de me falar sem palavras, me passando um livro como presente e, dentro dele, um poema de Bandeira que sigilosamente guardo.
Essas boas sensações descobertas me trazem descobertas de sensações que julgava não mais viver e isso fica retido em minha memória afetiva como se fosse um dia em que a gente se sente bem só porque recebeu uma carta de alguém que a gente não vê há tempos, mas que, de repente, o acaso, que nem sei se acredito, nos faz lembrar.

terça-feira, 17 de março de 2009

Elis 73


Para Severino José


A capa é simples, com bordas brancas e, no centro, uma imagem em preto e branco na qual se vê uma mulher sentada, rosto baixo, fechado em si, em meio àquele ambiente de intensa grandeza e paradoxal simplicidade. As mãos, em concha, estão uma ao lado da outra, num jogo de sombras em suas formas de veias e dedos firmes, com um contraste entre luz e escuridão no qual se realça mais o clima de introspecção. Na contracapa, a mulher está ainda sentada, o olhar em desafio, como uma esfinge.Nisso tudo, um detalhe: as mãos, quase unidas num gesto de tensão refletido nas veias.Quase uma pintura barroca. O fotógrafo: Jacques Avadis; a modelo: Elis Regina; a obra: um disco seu de 1973.

Penso que, muitas vezes, certos artistas não têm noção da grandeza que eles criam ao conceber certas obras e, nisso, penso em Björk, em Vespertine, ou nos filmes de Bergman. É como se a obra se tornasse algo tão transcendental em sua linguagem que a forma fosse apenas um meio de expressão e o artista o ponto criativo que apenas gerou aquilo que, de tão grande, não lhe é mais. Falo o mesmo desse disco de Elis.

Sucedendo um LP cheio de clássicos instantâneos ( Atrás da porta e Águas e março (versão 1)), o disco de 73 trazia algumas coisas, por assim dizer, estranhas: a expressão de Elis é fortemente séria, não há cor na capa nem na contracapa ( como se disse acima), contrastando com a capa do de 72, o mesmo dos clássicos já citados, uma capa onde se vê uma cantora sorridente sentada numa cadeira e cheia de uma expressão tranqüila de quem estava entrando em uma nova (e duradoura, como se viu depois) relação amorosa. Detalhe: o novo namorado/marido nesse disco de 72 não por acaso é César Camargo Mariano, o pianista que fez belos arranjos para o disco de 72, numa onipresença em todas as faixas. Só pra se provar que o amor pode render belas coisas que ficam registradas no tempo.

Não é só a capa que traz uma certa estranheza. A própria Elis comentou em uma entrevista, na ocasião do pós-lançamento desse disco de 73, que não era só o disco que havia mudado, mas a cabeça dela também. De fato, quem ouve o disco de 72 e quem passa pela experiência de ouvir o de 73 nota isso e percebe, mesmo nas sutilezas, que ela tocou num estado sublime de arte e produziu uma obra cuja dimensão supera a temporalidade. Mas isso é só minha opinião.

De qualquer modo, estão lá faixas como Oriente, na qual se percebe o tom grave que a voz assume na introdução e nos volteios que ela faz entre os timbres agudos, realçando a força da letra casando perfeitamente com os sintetizadores. Ou ainda há a tensão interpretativa de Doente morena, de Gilberto Gil, e O caçador de esmeraldas, de João Bosco e Aldir Blanc, essa última com citação de Lorca meio alterada e com uma letra perfeita entre passado histórico ( Fernão Dias desbravando o Brasil) e um casal que se amassa num fusca no Recreio dos Bandeirantes. São canções distintas, mas que se casam claramente com a voz e a contenção íntima que as letras pedem.

Estas músicas só se engrandecem quando se ligam a outras cuja intensidade é realçada pela sintonia sem igual entre a afinação de Elis (que, curiosamente, nesse disco está com um timbre mais agudo e indo a graves profundos), as letras (basta ver Agnus sei e perceber do que falo) e os arranjos. Além do capricho de César Mariano no piano, Paulinho Braga e Chico Batera dão aula de bateria e percussão (na já citada Agnus sei e em Comadre, entre outras) e Luisão conta historias com seu baixo. Cada um se mostra gênio naquilo que faz, seja na introspecção melancólica de Folhas secas e É com esse que eu vou (uma aula de divisão de frase ), seja no samba com jeitão de jazz que é meio de campo (ouvi tanto essa música pra perceber seus detalhes que temo abusá-la).

Tenho ouvido esse disco esses dias com fones nos ouvidos e fico impressionado com as nuances dele e com a respiração exata de Elis nos momentos de modular e dividir as frases musicais. Não por acaso ponho esse texto hoje aqui porque, se estivesse viva, Elis faria, neste dia 17, 64 anos.

Fico sempre pensando que, se ela estivesse ainda por esse mundo, o que cantaria. Imagino que sua voz já teria ido a regiões impensáveis do som, pois quem ouviu seus últimos discos sabe do que falo. Ainda assim, por outro lado, penso que se toda sua discografia fosse ruim ( o que é impossível de ser ) ou pequena, ela já teria alcançado Deus só com essa pequena obra cuja importância supera até mesmo o sempre histórico Elis e Tom. Quem não os ouviu, ouça. Garanto que não vai mais esquecer.

terça-feira, 10 de março de 2009

carnaval,leite, frango com ameixas e uma casa divertida











Uma amiga, de quem gosto muito, me falou que não entende o porquê de eu ter ido ao carnaval de Recife este ano, gastado uma passagem não tão barata, ter dispendido dinheiro em comida e comprado coisas que poderia comprar de longe, pela net, e não ter ido, de fato, às folias da cidade. Bom, com ela dei risada e tentei, em vão, argumentar que não é extremamente necessário ir a todos os lugares, estar no meio de todas as pessoas e em todos os momentos. Não saí tanto quanto se espera por opção, e acho isso absolutamente normal.

De qualquer modo, compreendo a incompreensão dela, pois todos pensam que, indo a uma festa, você deve conhecê-la, ou vivê-la, com tudo o que ela tem a oferecer e, no caso do carnaval, aliviar os apelos do corpo. No meu caso, a festa é de outro modo e funciona, sim, no meio da multidão, mas tendo muito mais o prazer do reencontro de gente que não vejo há tempos ou de afetos agora resgatados. Simbolicamente, este carnaval foi feito mais pela efusiva força que as mensagens do silêncio têm do que das músicas alegres do centro de Recife. Até porque a chuva e a gripe me ajudaram a ficar assim.


E foi por causa da chuva, da gripe (que me obrigou a ficar em casa, fugindo da chuva) e de uma preguiça de feriado longo que acabei me deparando com livros, cd’s e filmes (muitos filmes ) de um amigo, dono do apartamento onde fiquei.. Daí que, entre os shows e essas coisas todas, fiz uma negociação a qual a chuva foi a mediadora. Nada melhor e mais equilibrado para quem não curte tanto enfrentar multidões e que não se sente suficientemente disposto a sair.

O resultado disso é que, no contrafluxo, fui parar no cinema com uns amigos e acabei vendo Milk e fui apresentado por meu amigo ( dono dos cd’s, filmes e livros ) a duas HQ’s que me fizeram mudar a idéia a respeito desse gênero. Além disso, ainda encontrei por lá uma compilação de entrevistas dadas ao Pasquim, feita apenas por cantores e músicos.

Neste livro, chamado O som do pasquim, li entrevistas que iam de Tom Jobim a Agnaldo Timóteo; de Luiz Gonzaga ( uma das melhores, na qual se deixa transparecer a admiração dos entrevistadores e a coerência do cantor ) a Waldick Soriano. É desse, inclusive, que há uma das melhores frases do livro: “a vida é uma constância de consequências de vários gêneros”. Adorei.


Sobre Milk, muito bom. Quando terminei de ver a projeção, fiquei imaginando quem no Brasil hoje teria uma representação gay ou será que alguém ainda acredita em Marta Suplicy? Nunca acreditei muito e depois do episódio Kassab....

Vi no filme as passeatas pela luta dos gay rights e penso hoje onde se encontram aqui (e no mundo, desconfio) paradas que tenham minimamente um traço político. Sem dúvida, ver Milk dá noção de certas dimensões: de onde nasceram os direitos hoje conquistados e o vácuo ideológico que todos vivemos.

Mas nesse carnaval de tão poucas agitações, as HQ’s foram a minha grande surpresa. Confesso que li a primeira, Frango com ameixas, meio desconfiado, sem crer tanto naquilo. Escrito pela mesma autora de Persépolis, Marjane Satrapi, este livro fala da história de seu tio, Nasser, um homem muito famoso no Irã por tocar um instrumento de corda, chamado Tar. Este instrumento, herdado por ele de seu mestre, é quebrado pela esposa de Nasser num acesso de raiva.

A partir disso, a narrativa se desenrola num longo retorno do músico às lembranças de sua vida, desde jovem, quando conheceu e se apaixonou por uma moça cujo pai não aceitava o casamento por ele ser músico, até o presente, quando ele vê sua vida de casado, junto a outra mulher, que não ama, e filhos os quais ( em quase todos ) ele não se vê. Daí ao final, há uma decisão que ele toma. Óbvio que não vou falar dela aqui.

A outra HQ mexeu mais comigo. Se chama Fun home, numa ambígua referência a “casa divertida” ou “casa funerária”. O fato é que, ambas as denominações cabem à narrativa, escrita por Alison Bechdel, quadrinista norte-americana famosa por ilustrar tirinhas de conteúdo lésbico, Dykes To Watch Out For, e ganhadora de prêmios importantes nos EUA por essa casa divertidamente triste.

Me explico: tal narrativa trata da vida da autora e de sua família, focando especificamente em seu pai, professor de uma pequena cidade americana e obsessivamente fascinado em peças e móveis antigos, os quais ele restaurava. No entanto, isso é só um dado, uma parte mínima da intensa história que vai sendo contada. Eu imagino o quanto de coragem que ela teve em expor não apenas a si mesma, mas também a sua família, destacando e analisando a relação conflituosa entre ela e seu pai, numa oscilação de montanha-russa que, talvez, e isso é apenas impressão minha, só tenha se resolvido quando ela se descobre lésbica e descobre que ele era gay.

Apesar de muitos darem importância a este dado, eu vejo que há algo além desse eixo. É exatamente onde ela relaciona a vida e a morte do pai (um suposto suicídio ) a obras literárias, num senso de clareza e domínio de estilo, nos quais entram autores como Proust, Camus, Fitzgerald e o Ulisses de Joyce, e que fazem ver o seu pai como alguém que, de modo amargurado e defensivo, fez uma escolha que não necessariamente a que ele desejava (casar e ter filhos) e que via nela alguém que poderia fazer outra escolha, diga-se: abdicar de uma vida falsa, plástica e artificial, por outra, mais livre. De tudo isso, é tocante ver que, na fase pós-adolescente dela, a Literatura os uniu como uma ponte possível para compensar a distância deles. Isso é evidente nas belas passagens finais de sua obra.

Curiosamente, estas duas HQ’s me pareceram muito próximas, ainda que tratem de temas sutilmente distintos. Mas , ainda assim, estão lá, em ambas, a família, os filhos, um casamento fracassado e dois homens (os quais existiram) que desviaram a rota de suas vidas por motivos distintos, o que é perceptível quando se lêem as duas histórias. No entanto, os dois homens guardam profundas tristezas encerradas com a morte, voluntária ou não.

Sem dúvida, meu carnaval foi ótimo.


















quarta-feira, 25 de fevereiro de 2009

sutil e sofisticada melancolia




Enfim peguei meus cd’s de Antony and the Jhonsons.

Confesso que havia uma certa expectativa de minha parte em saber se o novo ( The crying light) superaria o I’m a bird now. Já havia ouvido o EP lançado no final do ano passado, Another world, e tinha gostado muito, pois, mesmo diferente do Bird, a sonoridade me atraiu, até porque lá estão o piano, a sutil e sofisticada melancolia de Antony e sua voz soturna (amo você, Filipe!!!), mas o CD, o inteiro, com outras músicas, só agora que recebi, e achava que só o receberia em março.

De qualquer modo, como uma religião, assim que os peguei, os cd’s, os abri com cuidado e esperei voltar pra casa das folias do Carnaval pra ouvir sozinho e com o som bem alto.

Já o fiz, hoje. Sem comentários.

Só sei que estou gostando e espero que quem lê esse blog tente baixar/ouvir os cd’s que falei. Valem a pena.

Detalhe: as capas de ambos ( The crying light e Another world) trazem Kazuo Ohno, bailarino japonês, maior representante do Butô/Butoh, tipo de dança na qual o corpo é a maior e única fonte expressiva. Na foto que está na capa de Another world, Kazuo Ohno ainda faz referência ao teatro, pois, ao lado dele, há uma foto emoldurada de Sarah Bernhardt, atriz francesa mais famosa do século XlX. Ou seja, Antony, não se limita apenas à música. Quem já viu os encartes de seus discos sabe do que falo.