quarta-feira, 1 de agosto de 2007

Brasil+Cuba= Marina de La Riva


Li há algum tempo na Rolling Stone – Brasil uma matéria curta sobre uma moça que estava fazendo um disco de influências cubanas. Depois, na Vogue Brasil, li outra matéria sobre esta mesma moça. Me liguei. Baixei umas músicas dela, só três, porque estava meio difícil de encontrá-la, e ouvi as três espantado com o som, com a voz e com a melodia. Não que seja algo tão inovador que embasbacasse, mas talvez o espanto fosse por ser tão simples e tão claro que só por isso mesmo já valia o espanto, o deleite e o embasbacamento.

Sou assim, descubro essas musas e depois fico ali, ouvindo, lendo a respeito, curioso para saber tudo delas. Minha nova musa se chama Marina, outra, não aquela que já fiz até um texto em sua homenagem. Essa tem como sobrenome La Riva e é filha de pai cubano e mãe mineira. Tem uma voz suave e conseguiu pôr no seu disco uma mistura de elementos brasileiros com tons cubanos ( ou o inverso ) sem soar forçada.

Em seu disco, se ouvem desde clássicos do cancioneiro da Ilha, como a já famosa Drume Negrita, eterna na voz de Bola de Nieve e na de Caetano, ou o Adeus, Maria Fulô, de Sivuca, e que foi gravada até pelos Mutantes. Com Marina, esta canção começa como um baião meio safado e ganha um enxerto lírico de uma canção de Lecuona, chamada La Mulata Chancletera. O que poderia resultar como uma forçação de barra em ligar músicas de aparência díspar, termina por confirmar a base de todo o disco: mostrar que a música de língua espanhola pode, sim, dialogar com a brasileira e brotar beleza de tudo isso.

Falei aqui apenas destas, mas há outras igualmente belas, como o arranjo de um sutil samba de roda, entre palmas, violões e percussão leve, para Sonho Meu, pérola de Dona Yvone Lara, já cantada por Bethânia e Gal. A beleza aqui se sobressai pela delicadeza da voz, pelo arranjo que valoriza a interpretação e pelo final, no qual Marina de La Riva recita um poema curto e muito delicado de Jose Marti, figura importante na cultura cubana. Em breve posto coisas que ele escreveu. Ainda há uma regravação para uma canção de Silvio Rodriguez, que fecha o disco e que abre o site desta moça: Te amaré e después. Não é à toa que ela está em partes importantes do disco e do site, pois esta canção é linda e em sua voz, acompanhada apenas pelo piano de Pepe Cisneiro, ganha contornos de grande beleza, só para provar que uma grande canção não precisa de muita firula.

Talvez eu esteja exagerando, afinal paixões são assim, nos cegam, e eu estou encantado por essa moça. Já havia um tempo que estava disposto a redescobrir o cancioneiro latino espanhol e os discos de Caetano, como Fina Estampa, eram um bom caminho, assim como os boleros e guarânias que ouvia, buscando coisas na net ou aqui em casa, com meu cd de Nat King Cole cantando em espanhol ( uma beleza, por sinal, tão belo que até entrou naquele filme nota 1000 de Wong Kar Wai, o Amor à Flor da Pele). Marina de La Riva só veio a acentuar esse desejo. Que ele dure, assim como a beleza de tê-la ouvido ao longo desses dias sem rumo. Ave, Marina de La Riva!!

Quem quiser conhecê-la mais, entre no seu site:

www.marinadelariva.com.br

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