quarta-feira, 13 de fevereiro de 2008

Lista desordenada



Nunca curti listas de melhores músicas, livros ou filmes. Mesmo assim, sempre me vejo atraído por elas, tanto que comprei aquele tijolo chamado 1000 discos para ouvir antes de morrer e, confesso, achei-o ótimo.

Como tenho visto ( e revisto ) uns filmes nestes últimos dias, lembrei de cenas de outros que havia visto há anos e que ficaram presas à minha lembrança. Não sei se vou lembrar de todos os filmes e cenas que me vieram há três dias,mas os que mais me marcaram, por variadas razões, seguem abaixo, na minha lista sem culpa de cair nessa armadilha de preferências sempre tão subjetivas.

- Noites de Cabíria (Fellini)

Quem é ou já foi da minha intimidade sabe o quanto amo esse filme. Tem uma amiga minha que não chora à toa e me confessou que o viu em São Paulo, sozinha, e desceu uma lágrima tão resignada quanto as pequenas tragédias vividas pela Cabíria de Giulieta Masina.

A cena final dessa película, na qual ela, depois de mais uma desilusão, sai chorando lágrimas negras de rímel ( Caetano cita isso em uma música que fez para a atriz italiana) é de uma marca sem igual, tanto que, ao sorrir para a câmera, nos fala mais que a metalinguagem do cinema pode nos dar.

- Magnolia (P T Anderson)

As 3 horas cravadas deste filme valem cada cena e interpretação. Adoro Paul Thomas Anderson desde o longo traveling que abre Boogie Nights. Até o estranho Punch, Drunk, Love nos pega sem que a gente perceba e, o melhor, muito depois de tê-lo visto.
Em Magnólia, se eu falar da chuva de sapos (momento de intensa carga simbólica
e, porque não, divina) serei redundante. Se falo também da sequência em que todos os personagens-chave cantam a música de Aimee Mann estarei falando o óbvio.
Destaco a cena final, em que o policial apaixonado, após a tal chuva que muda tudo, fala para a garota junkie que quer ficar com ela e que vai ajudá-la, isso ao som de outra música de Aimee Mann não por acaso chamada Save me. Curiosamente, tal Cabíria na cena acima citada, a garota, chorando emocionada, também olha para a câmera e sorri.

- A Doce Vida (Felini)
Só vi esse filme uma vez e preferi não revê-lo e não o considero um mal filme.
A cena que destaco é de Mastroiani tendo de fazer a decisão entre a vida ( nada doce ) que ele levava e outra, mais pura. A escolha já se supõe qual é.



- Brilho eterno de uma mente sem lembrança (Michel Gondry)

Para um diretor fazer você torcer por Jim Carrey ele deve ser muito bom. Pois é o que acontece nesse filme de narrativa distorcida e história tão familiar a tanta gente que é impossível não se emocionar com ele.
A cena, ou as cenas, é ou são as da fuga pela consciência do personagem de Carrey depois dele desistir de deletar da memória a mulher que ama, ninguém menos que Kate Winslet. Uma pequena lição para os ex-apaixonados.

- Lucia e o Sexo (Julio Medem)
Haja símbolos nesse filme, mas a cena do reencontro de Lucia e seu amado,depois de uma separação longa, emocionou tanto ao ponto de causar choros altos de homens feitos no colo das namoradas no cinema.

- The Butcher Boy (Neil Jordan)
Sinead O’Connor interpretando Nossa Senhora só traz mais beleza a esse filme que mistura violência e poesia. Faz anos que vi e não o esqueço.

- Gritos e Sussurros (Bergman)

Um filme de terror, segundo alguns, por retratar o horror do medo, da solidão, da morte e do que mais for do humano.
Entre tantas grandes cenas, destaco a já óbvia citação à Pietá.

- The Fisher King (Terry Gilliam)

Vi esse filme há pouco e adorei o modo como cada personagem é apresentado. Todos muito diferentes, mas unidos pela loucura, solidão, carência e solidariedade.
As cenas da perseguição de Parry pela mulher que ama é de uma beleza sem igual, entre tantas outras, tão sutis nas mensagens que às vezes se perdem.

- Dancers in the dark (Lars Von trier)

A cena do trem, na qual Bjork canta que já viu tudo, é perfeita na cor, na coreografia e no olhar triste de Selma.

- Love and human remains (Denis Arcand)

Adoro esse filme, tanto ou mais até que Cabíria.
Se o amor está esfacelado, ainda resta a solidariedade dos que, desesperados, o buscam ou o rejeitam. Essa parece ser a mensagem da cena que fecha o filme.

-A Liberdade é azul (Krzysztof Kieslowski)

Não sei dizer qual cena específica,mas sempre me lembro da velhinha corcunda pondo algo no lixeiro ou da incapacidade da mulher em matar os ratos que estão em seu apartamento.

Lembrei de alguns de Almodovar, mas não tenho como destacar uma cena específica. Sempre me marcou aquela de A lei do desejo em que o diretor descobre que ama o assassino de seu amante, mas é tarde porque ele havia se matado. Passional e quase brega.
Em breve virão outras listas, nem sei sobre o que, mas sem ordem de preferência, tal como esta.





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