terça-feira, 29 de janeiro de 2008

Sobre o Rio, meses depois...

Para Soraia B.

Em outubro fui ao Rio. E ir ao Rio sempre é uma experiência. Não falo aqui pelo que se ouve de lá, violência nos morros, morte ou quedas de barreiras. O Rio que falo aqui não é o da luz intensa e das montanhas (ou serras, nem sei) que rodeiam a cidade, e lhe faz o bem e o mal, nem é o Rio cantado pela Bossa Nova, o mar, o Cristo, o amor e a flor.

O Rio que falo aqui foi o que se construiu ao longo dos quase 7 dias que passei lá, um Rio de risos e lágrimas contidas, pouco sono e uma intensa vontade de viver cada mínima sensação com a certeza de que algo se revela, acenando para novas direções. Não fui sozinho. Me acompanharam 6 pessoas e suponho que cada uma, ao seu modo, voltou com a retina mudada não só pelas imagens lindas que viu.

Uma cidade como cenário.

A partida foi marcada pela excitação e o riso fácil. Todos estávamos empolgados demais com os planos de visitar os lugares certos, a praia certa, o sol exato. 32 horas de longo caminho sob sonos longos e profundos ou tudo o q pudesse enganar o fato de que não se podia fazer nada além de esperar o término para, enfim, podermos executar nossos planos de felicidade.

Executar planos, atingir metas, e tais metas eram medidas pelo desejo de, alguns, se sentirem donos de si, nem que fosse por uns dias; outros, apenas viver a experiência de estar na Cidade Maravilhosa. Mas o que me chamou a atenção não foi a cidade, nem sua luz intensa.

O que me chamaram a atenção foram os sinais sutis passados nos olhares, silêncios e euforias de cada um de nós. De fato, hoje, mais que antes, sei: nada do que se planeja tem o mesmo valor do que chega sem você saber. Isso parece frase feita de beira de jornal, mas, neste caso, especificamente, cabe, vale e se ajusta a cada coisa vista ou vivida por lá.

Não gosto de fazer programa de turista, tipo ir aos pontos aonde todos vão. Há amigos meus que estranham isso porque, pelo que se espera, é natural que, em lugares novos, e, no caso da cidade citada, lindos, se vá a cada lugar cujas fotografias só realçam as cores e os significados que eles têm, ou podem vir a ter.

Pois bem, nesta viagem resolvi seguir a trilha: Cristo, Forte de Copacabana, Ipanema, Lapa e, último dos lugares onde me encontrariam, Maracanã, lotado pelo jogo do Flamengo contra o Corinthians. Ainda para arrematar, praia de Copacabana com sua água gelada de espantar.

De toda essa seqüência de passeios, muitas marcas ficaram além das feitas pela pele queimada pelo sol dessa manhã de silêncios e estranhamentos. Na volta para casa, tão desejada, suponho, porque depois de dias fora do eixo, o corpo e a cabeça pedem mais rotina, observei cada um dos que foram comigo, inclusive me observei. Uns choravam em discrição, outros ficavam em longos silêncios eloqüentes, outros iam embora com a certeza de que amores nascem e alguns sentimentos não tão grandes são tão menores do que parecem que morrem antes mesmo crescer. Espero agora que os sentimentos, já fortalecidos, cresçam. Isso só tempo, como sempre, diz. Mas se tiver o Rio como cenário, melhor será.

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